A INDUSTRIA TÊXTIL BRASILEIRA E OS SEUS GRANDES DESAFIOS

  1. CONTEXTUALIZAÇÃO

É indiscutível a importância da indústria têxtil na economia brasileira, pois representa segundo a ABIT (Associação Brasileira da Industria Têxtil) a 2ª maior empregadora, ficando atrás apenas da indústria de alimentos e bebidas.

O Brasil é a maior Cadeia Têxtil completa do Ocidente, desde a produção das fibras, como plantação de algodão, passando por fiações, tecelagens, beneficiadoras, confecções e um varejo forte.

São mais de 200 anos de história superando diversas crises econômicas. A pandemia do Covid 19 provocou em toda a cadeia produtiva a escassez e desabastecimento de matéria prima e altos custos logísticos, deixando o caixa das empresas em situação vulnerável.  No momento de recuperação, as empresas mais uma vez se viram em uma situação anômala e independente de suas atitudes, com a invasão da Ucrânia por parte da Rússia e a consequente crise energética, e a flutuação dos preços das matérias primas. Não bastasse tudo isso, a falta de regulamentação moderna de tributação do comércio on-line B2C (Business To Consumer), onde as compras até U$ 50,00 possuem isenção de taxas, vem afetando o varejo nacional e por consequência toda a cadeia produtiva local.

Não existe uma única alternativa para que a indústria têxtil nacional volte aos patamares de produtividade e de bons resultados econômicos e financeiros de antes da pandemia e sim, um conjunto de ações, decisões e investimentos a serem implementados para que as empresas saiam mais uma vez fortalecidas deste ambiente desfavorável.

As primeiras questões a serem respondidas pelas empresas é comprar ou produzir, investir ou não investir, promover downsizing ou otimizar custos e despesas…? Mas, estas mesmas questões passam também pelo pôr o quê, como, onde, quando e por quanto tempo (comprar, produzir, investir e otimizar custos e despesas)? Essas respostas não são fáceis de serem respondidas pois ainda dependem de muitas variáveis e particularidades de cada uma das empresas, como o mercado de atuação, concorrência, situação financeira, etc.

Todavia, existem parâmetros que nós da C2 utilizamos e são comuns para que as empresas busquem o maior nível de competitividade independentemente do cenário em que ela se encontra. Enumeramos os seguintes termos a serem trabalhados:

  1. PRODUTIVIDADE

A Produtividade Total dos Fatores é uma medida de produtividade que engloba todos os fatores de produção, permitindo uma análise mais completa. Nesse sentido, ela é uma medida bastante relevante quando analisada de forma comparativa, tanto em termos de sua evolução no tempo quanto em termos das diferenças entre os países.

A PTF Brasileira está estagnada há mais de 30 anos e vem se distanciando cada vez mais de países que já eram referência, como Estados Unidos, Japão e China e foi ultrapassado por nações que eram menos produtivas, como o Chile e a Coreia do Sul.

A única exceção é o agronegócio que foi considerado líder em produtividade agropecuária em um ranking com 187 países formulado pelo órgão do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA, sigla em inglês).

O que explica essa diferença entre o campo e o setor manufatureiro Brasileiro são os investimentos em Treinamento, Logística, Tecnologia, Infraestrutura e Ambiente de Negócios.

Destes fatores, vamos nos ater àqueles que temos ações diretas: Treinamento, Logística e Tecnologia.

  1. Treinamento: Não há como garantir a produtividade se as pessoas não estiverem comprometidas e engajadas com os objetivos da empresa e só se consegue isso através da informação e do desenvolvimento delas dentro de todo o processo produtivo. A partir do treinamento dessas pessoas nos processos, deve-se implementar os indicadores chaves de sucesso e promover os programas de gerenciamento por resultados, de forma totalmente transparente e participativa.
  2. Logística: A produtividade de uma empresa não se dá apenas dentro das fronteiras dela e sim em todas a sua cadeia (Supply). A integração entre os fornecedores sejam os de materiais, serviços, máquinas ou tecnologia com a empresa e com a sua rede de distribuição para os seus canais de mercado é essencial para se obter otimizações de custos e o lead time entre o pedido e a entrega aos seus clientes.

É essencial desenvolver redes e arranjos produtivos locais, definir os fatores locacionais de suas unidade produtoras e dos seus centros de distribuição, assim como, estabelecer parcerias de negócios de longo prazo.

  1. Tecnologia: A internet veio para aproximar as pessoas e dentro das empresas ela não é diferente. Batizada como a Internet das Coisas ou IOT (sigla em inglês), ela conecta máquinas, processos e pessoas. A IOT permite armazenar, processar e analisar as informações baseadas em parâmetros pré-estabelecidos, tornando assim processos e máquinas mais flexíveis e adaptáveis com as variações das demandas. Uma das grandes vantagens da tecnologia é o monitoramento em tempo real dos processos, além de verificações de qualidade mais precisa, tornando assim ajustes mais rápidos, garantindo que o processo mantenha um fluxo constante com o mínimo de falhas possíveis, ganhando competitividade à frente das outras empresas.
  2. Automação: A automação é sem dúvida um caminho sem volta e traz consigo uma flexibilização dos processos, sem a dependência e interferência humana em processos críticos, outrora manuais e improdutivos. A automação de processos não é simplesmente a substituição do trabalho humano pela máquina e sim um processo cultural e estratégico. Há de se pensar e planejar onde realmente a automação faz sentido dentro da organização, seja por questões de segurança, ergonomia, produtividade, custo ou qualidade. Há também de se entender que só se automatizam os processos que estão estáveis, padronizados e controlados, caso contrário se estará apenas automatizando-se o Caos.

Todas estas atividades devem estar sincronizadas com a estratégia da empresa e coordenadas de forma integrada e com um programa de inovação e melhoria constante e permanente.

  1. PRODUTO

Todos os parâmetros a pouco discutidos de nada valem se a empresa não estiver próxima das exigências e demandas de seus clientes e consumidores, entendo exatamente que tipo de produto, em que preço, em que qualidade e quando ele deve ser disponibilizado para o consumo.

O mercado atual é volátil e as suas mudanças ocorrem em uma velocidade muito superior ao do atravessamento da concepção ao produto dentro da cadeia produtiva têxtil, considerada uma das mais longas e complexas da indústria de transformação moderna.

Não cabe mais, grandes coleções geradas através de pesquisas tradicionais de tendências, que levam mais um ano para serem comercializadas.

A ordem agora é o monitoramento constante das redes sociais e do contado direto com os seus consumidores através da Ominicanalidade.

São estas novas premissas que irão definir o tipo de produto que o seu consumidor espera da sua empresa e cabe à empresa alinhar estas expectativas de forma a ofertar um produto com qualidade.

  1. CUSTOS

A definição da competitividade passa obrigatoriamente pela otimização dos custos em toda a Cadeia de Supply, já que estamos falando de uma indústria de bens de consumo de baixo valor agregado. Com exceção das raras grifes brasileiras, a indústria têxtil nacional luta desesperadamente para se manter em pé de igualdade com as suas concorrentes asiáticas.

Aqui neste item começa-se a se debruçar sobre o dilema entre comprar e produzir. Obviamente, compram-se produtos ou serviços naqueles onde a empresa não possui domínio na tecnologia dos processos/máquinas, disponibilidade de materiais a custos competitivos, mão de obra qualificada ou que não está atrelado a sua estratégia de ofertas mais duradora.

Enganam-se as empresas que optam muitas vezes em descontinuar um processo produtivo optando pelo sourcing. Elas entendem que esta seria a alternativa mais curta e rápida para melhorar a sua competitividade. Antes elas deveriam sim, buscar a melhoria da produtividade das suas operações, já que, a dependência de terceiros, bem como a pandemia nos mostraram que podem trazer consigo impactos no fluxo de caixa, lead time, estoques elevados, baixa flexibilidade e indisponibilidade do produto no momento certo.

  1. RESPONSABILIDADE SOCIAL E AMBIENTAL

Com a expansão da consciência ambiental da sociedade, a demanda por produtos com menor impacto socioambiental aumentou. Cada vez mais os consumidores buscam por produtos que estejam de acordo com o conceito de Tripé da Sustentabilidade ou TBL (sigla em inglês).

Esse conceito se baseia nos seguintes pilares — social, ambiental e econômico — só alcançam a sustentabilidade empresarial aquelas organizações que conseguem ter sucesso nesses três aspectos ao mesmo tempo.

A ideia de modo geral é de que é viável ter uma gestão empresarial com foco tanto no lucro quanto nas suas consequências sobre as pessoas e o planeta. Sendo assim, para ser sustentável, uma empresa deve ser financeiramente viável, socialmente justa e ambientalmente responsável.

  1. GERENCIAMENTO DE PROJETOS

É natural que as empresas na busca de mudar rapidamente o seu status quo, saiam executando sem mesmo planejar e projetar as suas ações. A consequência disto é na maioria das vezes, desastroso e sem sustentabilidade no médio e no longo prazo.

Para mitigar os riscos as empresas devem implementar em sua administração a Gestão de Projetos que significa planejar, organizar, coordenar, liderar e controlar recursos para concretizar o objetivo pretendido.

Enfim, considere todos os argumentos expostos neste artigo, como sendo um escopo de projeto que a sua empresa deve empreender para ser mais competitiva.

  1. COMENTÁRIOS FINAIS

O mundo passa por transformações profundas nos meios de produção e de marketing. Neste cenário a indústria têxtil nacional precisa se adequar rapidamente para continuar tendo a importância que ela tem globalmente.

Nós da C2 temos certeza que este segmento econômico reúne todas as condições necessárias para isso, bastando que os empresários continuem acreditando em sua força de trabalho e que não deixem de investir, mesmo em tempos difíceis, no desenvolvimento humano, na melhoria contínua dos processos, na integração da sua Cadeia de Supply e em tecnologia e na implantação de projetos.

A C2 Projetos e Soluções reúne todas as qualificações para se tornar mais uma parceira para a sua organização nesta busca pelo aumento da competitividade da Indústria Têxtil Brasileira.

 

Elaborado por Luiz Felipe C. Cherem

Sócio-Diretor

 

Contate-nos: www.c2projetos.com.br